Eram um bando de garotos nos seus treze, quatorze anos fazendo a brincadeira do copo. Eles estavam na área aberta do prédio onde Paulo morava. O grupo escreveu em um papel o alfabeto e as palavras sim e não. Estavam lá Paulo, Pedro, Ricardo, Henrique e Sarah. Eles começaram a sessão rezando a Ave Maria e o Pai Nosso. Depois Paulo recitou uma frase, que dizia: Espíritos de outra dimensão, venha aqui conversar com a gente, estamos esperando por suas respostas. Gostaríamos que falassem conosco.
Paulo pôs um copo limpo na mesa. Todos colocaram os seus dedos nele. Inicialmente ele não se mexeu, mas de uma hora pra outra ele foi até as letras o, q, u, e; o que. Os garotos falaram que Paulo estava mexendo o dedo, mas não era verdade. Parecia que o copo estava mesmo vivo! O grupo ficou empolgado e continuou com aquela brincadeira.
Eles ficaram conversando com o copo durante duas horas. O copo afirmava que era um espírito, ele dizia ser parente de um dos meninos, o avô de Pedro. Ele falou várias coisas, que confirmavam de quem se tratava. Pedro ficara surpreso, era realmente verdade aquilo tudo. Era seu avô ali falando com ele, e dizia coisas que ninguém sabia, como por exemplo o nome de sua avó que também se fora.
Quando terminaram a sessão aconteceu um imprevisto, um espírito do mal entrou no copo, começou a falar que iria matar todo mundo. Paulo pegou o copo e o quebrou, jogando-o no chão. Eles pensaram que iriam se livrar dele, mas foi um grande engano. As coisas estranhas estavam apenas começando.
No dia seguinte tudo estava normal, os garotos se encontraram na escola e conversaram sobre o ocorrido. Para eles a sessão havia terminado depois de Paulo ter quebrado o copo. Eles saíram da escola e foram para casa, mas combinaram de nunca mais fazerem a brincadeira do copo de novo. E tudo estava certo. Mas de noite Paulo teve um sonho. Ele sonhou com um homem usando um terno antigo e um chapéu preto, que sussurrava nos seus ouvidos, dizendo que iria matá-lo e também pegar todos os seus amigos. Paulo acordou do pesadelo e não conseguiu mais dormir até a manhã seguinte.
Na escola contou para os amigos o que havia acontecido. Eles não acreditaram, pensaram que era brincadeira de Paulo. Mas ele ficou bravo e disse que era verdade. O espírito do copo havia falado com ele. Era um homem alto, magro, pálido, parecia um cadáver ambulante. Todos riram de Paulo e foram para casa. Mas de noite, na madrugada, Pedro vira o espírito. Ele falou com ele que iria matá-lo e todos os amigos dele também. Os olhos dele eram enormes e vermelhos. Ele tinha um sorriso infernal que o assustou.
No outro dia ele falou aos amigos o que viram, e eles disseram que Pedro estava mancomunado com Paulo para assustar os garotos. Eles só acreditaram quando Sarah falou que também tinha visto o mesmo homem em seus sonhos. Ela não era de entrar nesse tipo de brincadeira. Todos ficaram com medo, mas resolveram fazer uma última brincadeira do copo. Eles entraram em contato com o espírito que repetiu falando que iria mata-los. O copo começou a girar sozinho em cima da mesa. Sarah começou a gritar. Até que o copo caiu da mesa, se quebrando no chão. Eles só sabiam que o espírito queria matá-los, mas não o porquê.
Paulo resolveu pegar outro copo e perguntou para o espírito o que ele queria. Ele disse que a família de todos os garotos estavam amaldiçoadas, que eles chamaram na verdade o demônio para suas casas. Ele queria matá-los apenas pelo prazer de fazer isso. Os garotos estavam realmente assustados. Pegaram o copo e quebraram ele no chão da garagem. Durante a noite todos tiveram pesadelos. Eles viram um homem magro, pálido colocando areia, terra, em caixões com o nome de todos eles.
O sonho, ou melhor, pesadelo, parecia muito real. O espírito realmente parecia querer matar a todos. Paulo queria saber o que ele iria fazer para conseguir seu intento. Como um espírito mataria alguém? Ele então começou a tremer, abriu os olhos mas só viu escuridão, parecia que iria morrer. Paulo não parava e começou a gritar, sua mãe foi até o quarto e segurou seu filho com toda a força até ele se acalmar. Durante um minuto ela agarrou o filho, até que a tremedeira cessou.
Paulo contou a sua mãe sobre a brincadeira do copo e dos sonhos que todos estavam tendo, mas ela não acreditou, disse que eles ficaram com medo, e por isso estavam tendo sonhos estranhos. Mesmo assim Paulo pediu para sua mãe lhe levar no dia seguinte até um padre, para contar o que estava acontecendo. Ela concordou, abraçou o filho e disse para se acalmar e tentar dormir. Mas tudo aquilo estava deixando Paulo ressabiado, ele não queria ir dormir, tinha medo de que o estranho de terno voltasse a atacá-lo em seus sonhos.
Ele não estava mais tremendo, isso era um bom sinal, mas tinha medo de dormir e nunca mais acordar. O estranho de terno tinha poder sobre ele, isso era um fato. Paulo passou a noite inteira com os olhos abertos, temendo ir dormir, até que não aguentou mais e fechou os seus olhos. Ele não teve pesadelos como na outra noite. No outro dia procuraria mesmo um padre para o ajudar a se livrar desse monstro que estava em sua casa, em sua mente.
Chegando na igreja o padre perguntou se Paulo queria confessar, ele disse que não e contou a ele o que estava acontecendo. O problema é que o padre falou que Paulo e seus amigos estavam tendo visões causadas pelo medo, em pouco tempo eles iriam voltar ao normal. Ele insistiu, mas não teve uma resposta satisfatória do pároco. Na escola Paulo contou a seus amigos onde estivera, só que não tinha conseguido nada com ele.
Pedro então sugeriu que conversassem com algum espiritualista e Sarah lembrou de um homem, um shaman que poderia ajudá-los. Ela procuraria o contato dele na internet e assim, todos juntos contariam ao shaman o que estava acontecendo. Todos eles sonharam com o homem de terno durante a noite e estavam todos temerosos com o que estava acontecendo.
Depois da aula Sarah foi para casa e entrou no site do tal Shaman. Ela combinou de se encontrarem no outro dia. A jovem ficou bastante ansiosa, queria que ele a ajudasse, ela e seus amigos; Novamente, todo o grupo de garotos tiveram um sonho com o homem de terno que dizia que iria assassina-los. Dessa vez porém, ele apareceu no sonho de Paulo com um cachorro negro enorme e com os dentes afiados para fora. Ele rosnava e foi em direção a Paulo que, na hora que o cachorro iria mordê-lo, acordou. Estava todo suado, sozinho no meio da noite.
Os garotos não foram na aula no outro dia. Eles se encontraram na porta do colégio e combinaram de ir de ônibus até onde o Shaman estava. Lá chegando eles viram uma casa cor de rosa, com várias árvores do mais diferente tipo, algumas estátuas e um totem. Realmente parecia uma aldeia de índio na casa do shaman. Ele os recebeu com um grande sorriso no rosto.
O grupo parecia tranquilo, eles então entraram na sala principal da casa. Era meio escura, pronta para receber uma sessão espiritual e foi o que aconteceu. O Shaman tentou fazer contato com o homem de terno preto. Durante dez minutos ele ficou tocando o seu tambor, até que todo mundo entrou numa espécie de transe. O Shaman começou a falar num tom de voz diferente, arranhado, um pouco rouco. Parecia ser o do homem de terno.
Paulo perguntou porque ele estava querendo matá-los, mas o homem começou a rir, disse que era por diversão. Ele era um espirito errante, das trevas, e aproveitou o contato feito na brincadeira do copo para arrumar novas vítimas. Ele riu falando que não tinha causa, que gostava de acabar com a vida de inocentes, como os garotos. De repente, depois de muita conversa, o Shaman voltou ao normal. O espírito do homem de terno havia saído de seu corpo.
Ele ficou nervoso com o que havia acontecido. Fora um contato espiritual de maior grau que tinha presenciado. Falou para os meninos que o assunto era realmente sério. O espírito daquele homem queria infernizá-los, acabar com a vida de todos. Paulo perguntou se havia alguma maneira de se livrar daquele monstro e o Shaman começou novamente a tocar seu tambor, depois pegou umas folhas grandes de algumas plantas que havia no seu quintal e passou no rosto dos garotos dizendo algumas palavras, benzendo-os.
Para terminar o Shaman acendeu um incenso tentando limpar a energia de todos que estavam ali. O shaman deu um incenso para cada um dizendo para acenderem no quarto antes de dormir. O grupo parecia mais calmo, tranquilo, eles esperavam que tudo daria certo, com a ajuda daquele velho feiticeiro. Naquela noite Paulo acendeu o incenso, rezou e pediu a Deus por proteção. No meio da noite, porém, ele sonhou que estava passando por um corredor escuro, com uma porta no final de onde saía uma pequena luz.
Paulo andou pelo corredor, no momento que iria abrir a porta e ela abriu sozinha. De dentro dela apareceu o homem de terno. Ele soltou o cachorro negro em cima de Paulo que o jogou no chão. No sonho ele mordia seu pescoço fazendo sair um bocado de sangue. Ele se contorcia e com seus braços e tentava tirar o cachorro de cima de seu corpo. Aquilo tudo era realmente assustador, um frio corria sua espinha, seu medo era grande, ele estava apavorado.
Naquela noite, todos os garotos sonharam com o corredor e o cachorro negro. Eles acordaram com uma dor tremenda no pescoço. Sarah ao se olhar no espelho viu um arranhão, não era um ferimento como no seu sonho, mesmo assim era a prova de que aquele homem podia machucá-los em seus pesadelos. O incenso no quarto dado pelo Shaman não havia adiantado nada.
Pedro sugeriu no outro dia, quando estavam no colégio, para irem a algum centro espírita e tratar o que eles chamam de obssessão. Talvez lá eles conseguissem com que o homem do terno fosse embora. Paulo falou para eles irem a um centro perto de sua casa. Lá as consultas eram feitas à noite, e todos se prontificaram a ir conversar com o pessoal do centro espírita.
À noite eles se encontraram na porta do centro. Um homem magro, vestido todo de branco os saldou. Seu nome era José e era ele o médium responsável pelo tratamento de obsessões. Os cinco entraram em um quarto escuro com uma luz roxa que iluminava um pouco o ambiente. José começou a rezar e em pouco tempo entrou em transe. A voz do homem de terno parecia vir do teto. José conversou com ele por uns dez minutos, tentando fazer com que desistisse de fazer alguma coisa com os meninos.
Mas não adiantou, o homem de terno disse que se chamava Caio, que morou na cidade no século passado, e que havia tido uma desavença com a bisavó de Paulo. Ele queria vingança, a sua avó o havia jogado em um trilho de trem e este passou em cima do homem. O terno que ele usava era o mesmo de quando havia sido morto.
Os garotos saíram do centro espírita cabisbaixo. Eles sabiam que à noite iriam se encontrar novamente com o homem de terno. E não deu outra. Paulo em seu sonho viu o homem, chamado Caio, vindo em sua direção. O cachorro preto estava do lado dele e rosnava. Paulo tentou correr, mas tropeçou e caiu no chão. O cachorro foi em cima dele e mordeu seu pescoço. Paulo estava preso à ele. O homem tirou o chapéu da cabeça e sorriu para ele, o cumprimentando.
Ele mandou o cachorro sair, e ele caminhou em outra direção. O homem estendeu a mão a Paulo e o ajudou a se levantar. Ele pegou sua mão e enfiou dentro do seu coração, retirando-o. A dor dilacerava Paulo, que viu o homem morder um pedaço de seu próprio coração. O cachorro apareceu e o homem jogou o coração para ele comer. Ele acordou todo suado, com uma enorme dor no peito.
Paulo pensou ter um ataque cardíaco e respirou fundo até se acalmar. Ele não conseguiu dormir o resto da noite, não queria que aquele pesadelo se repetisse. Sarah dormiu bem até as três horas da manhã. Nesta hora ela começou seu pesadelo. O homem vinha sozinho em sua direção. Ele carregava uma faca enorme que parecia estar bem afiada. Sarah tentou correr, mas o homem foi em sua direção.
Ele cravou a faca nas costas dela que soltou um berro enorme em sua cama, chamando a atenção de sua mãe que se levantou e foi a seu quarto ver o que estava acontecendo. Sarah contou seu pesadelo e que suas costas estavam doloridas. Sua mãe olhou e viu um arranhão nela. O pesadelo parecia que era real e realmente havia machucado a garota. Sua mãe ficou com Sarah na cama até o raiar do dia, quando finalmente a garota dormiu.
Pedro ficou em cima de sua cama tentando não dormir, mas teve uma hora que não conseguiu mais ficar acordado. Ele sonhou que o homem o havia pegado pelos braços e o jogado em uma fogueira. Enquanto o fogo queimava seu corpo, o homem soltava um sorriso demoníaco, seus olhos brilhavam e refletiam as chamas do fogo.
Pedro se viu morrendo no sono, ou melhor, pesadelo, e acordou todo suado, pingando, e com seu braço direito queimado. Parecia um pesadelo real. Ele nem tentou dormir de novo, foi para seu computador e pesquisou sobre aparições nos sonhos e em como se livrar daquele monstro chamado Caio.
No outro dia os três se juntaram e contaram o que havia acontecido à noite. Apenas Paulo não teve sequelas do pesadelo, mas seu peito doía até o dia seguinte. Eles não sabiam o que fazer, Pedro sugeriu que fossem até o centro da cidade falar com uma cartomante que também fazia voodoo. De acordo com o que havia visto em um site na internet, quando procurou respostas sobre o que estava acontecendo, ele se deparou com uma moça, bruxa talvez, que pudessem livrá-los daquele homem sinistro que aparecia em seus sonhos.
Os três foram à tarde até o consultório daquela bruxa, contaram do fato de que a bisavó de Paulo havia matado aquele homem, deram-lhe o seu nome e a bruxa pegou um boneco, pôs um pequeno terno de pano nele e um chapéu em miniatura e cortou seu próprio dedo com uma faca. Com o sangue ela passou na testa do boneco e começou a dizer coisas em uma língua que os garotos não entendiam.
De repente a moça incorporou o homem que começou a fazer ameaças aos meninos. A bruxa logo retomou o controle e falando em português, mais a língua desconhecida, conjurou anjos e demônios para livrar os garotos daquele mal que já durava vários dias. A bruxa pegou a faca e enfiou no coração do boneco.
Os meninos ficaram aterrorizados quando de repente saiu sangue daquele boneco de pano. Depois de uma hora de sessão eles respiraram aliviados quando a bruxa disse que haviam conseguido afastar aquele homem deles. De acordo com ela, os garotos poderiam ir para casa e dormir despreocupados.
Os três se separaram no ponto de ônibus e foram para suas residências. Parecia que havia dado certo, que haviam mandado o homem embora. Todos eles dormiram tranqüilo durante a noite, e ao se encontrarem no dia seguinte, combinaram de mandar um presente para a bruxa. Ela realmente os havia salvado. Nenhum deles sonhou com o homem de terno. Pedro depois da aula foi a uma igreja rezar e agradecer a Deus por terem se safado daquele monstro.
Passaram-se duas semanas e os três respiraram aliviados, até que um dia Paulo cruzando uma rua ao lado da igreja do bairro viu um chapéu preto no chão, igual ao do homem de terno. Ele não tinha dúvidas, era de Caio mesmo. Será que o homem iria voltar? Durante a noite Paulo se ajoelhou na cama e rezou para Deus o proteger, ele dormiu tranquilo, até começar a sonhar. Ele estava na mesma rua que achou o chapéu.
Paulo passava em frente a igreja, até que viu o homem de terno preto sair do lugar. Ele estava usado o chapéu e com um sorriso maligno avisou que não iria se ver livre de jeito nenhum. Paulo começou a correr, mas a cada esquina via a figura daquele homem do mal. Parecia um filme de terror em que os personagens corriam e ele os acompanhava a cada passo, sem correr.
Depois de um tempo, Paulo chegou a sua casa, ao abrir a porta deu de cara com o homem de terno que o segurou pelo pescoço e o levantou do chão, a meio metro de distância. Ele se debatia com as pernas para o ar. O homem então botou o chapéu na cabeça de Paulo e disse que ele é que iria matar seus amigos. No mundo real Paulo seria transformado em assassino. O espírito do homem de terno preto saiu de sua boca e entrou dentro do seu corpo, ele se engasgou e caiu no chão. No dia seguinte, Paulo se levantou e sem lembrar do pesadelo que tivera, se preparou para ir à aula. Ele ainda era o mesmo.
Chegando na escola algo aconteceu com Paulo, ao ver seus dois amigos seus olhos ficaram vermelhos e ele empurrou Pedro no chão. Sem entender o que estava acontecendo ele se levantou e deu um murro na cara de Paulo que, cuspindo sangue, falou que iria matá-lo. Sarah tentou separar os dois, mas Paulo retirou um canivete e tentou acertar Pedro, que lhe deu um chute fazendo com que a pequena faca caísse pelo chão. De repente ele voltou a si e pedindo desculpas ao amigo contou sobre o pesadelo que tivera. Ele teria que se afastar dos dois para não machucá-los.
Paulo foi ao centro da cidade, ao consultório da bruxa. Ele pensava que ela poderia salvá-lo. Chegando lá a bruxa o cumprimentou e começou a rezar, soltando uma fumaça de um charuto fedorento que fazia Paulo passar mal. Ele desmaiou, até que a bruxa tentando contato com o espírito de Caio conseguiu uma resposta. O homem de terno dizia que iria se vingar de sua morte de qualquer jeito, que Paulo era sua vítima principal, mas que antes mataria os dois amigos dele.
O homem de terno preto também dizia que iria acabar com a família de Paulo, que não restaria nenhum deles na face da Terra. O espírito jurava vingança e agora estava dentro do seu corpo. Sarah e Pedro decidiram ir até o consultório da bruxa tentar ajudar o amigo. Eles o viram saindo do consultório cabisbaixo e não quis falar com os dois. Até que Pedro teve uma ideia, eles iriam fazer de novo a brincadeira do copo, mas dessa vez chamariam alguém para ajudar.
Os três foram então até a casa de Paulo e no porão começaram novamente a brincadeira do copo. Pedro então chamou a bisavó de Paulo que apareceu fazendo com que o copo se mexesse sozinho. Ele começou a falar como o homem do terno preto e Sarah de repente incorporou a bisavó de Paulo. Os dois discutiam e Sarah deu um tapa na cara dele, fazendo-o voltar a si.
Em pouco tempo o homem de terno foi para o copo que começou a girar, Sarah, então incorporando a bisavó de Paulo começou a rezar alto, umas palavras em latim. As letras usadas na brincadeira do copo ficaram no ar, rodeando a mesa. Uma ventania balançava os cabelos de Sarah, que continuava a falar coisas estranhas, numa língua estranha para os garotos.
Paulo pegou o copo e o jogou no chão. De repente Sarah suspirou e falou que o espírito do homem de preto foi-se embora. Os três ficaram aliviados e Sarah ainda incorporando a bisavó de Paulo se despediu informando que qualquer problema era só chamar ela, que Caio não iria mais voltar. Paulo agradeceu e deu um abraço em sua bisavó. Depois de tanta coisa, dessa vez parecia que aquele homem iria mesmo embora.
Os três juraram nunca mais fazer a brincadeira do copo. Com sorte nunca mais veriam aquele espírito monstruoso de novo. Paulo ficou muito interessado em histórias de espíritos e acompanhava na internet um grupo de pessoas que haviam passado o mesmo que eles. Ele começou a andar com talismãs para o proteger.
Paulo ficara assustado com o mundo espiritual, pois ele fora mandado para o limbo quando o homem de terno preto havia se incorporado em seu corpo. Lá era uma escuridão total e ele torcia para nunca mais passar por isso de novo.