Andava despreocupado pelas ruas de minha cidade. A lua brilhava iluminando a noite. Fazia frio, era de madrugada. Pensava na vida, em meus momentos bons e também de dificuldades. O caminho parecia ser simples, sair de um passado descompromissado para um futuro, uma luz no fim do túnel.
Passei por um edifício antigo, tradicional, muito bonito. Ele era o cartão postal da minha cidade. Observava aquela construção cheia de desenhos, com vários detalhes que davam um charme e chamavam a atenção de todos que passavam à sua frente. De repente me deparei com uma luz vermelha vindo daquele prédio.
Decidi entrar e ver o que era. Parceria que algo me chamava, eu tinha que entrar no prédio e ver de onde saia aquela luz. Caminhei, subi alguns degraus da escada que dava acesso à parte de cima. Vi uma porta aberta, de onde saia aquela claridade estranha, que de certa forma me hipnotizava, e decidi seguir em frente.
Entrei na porta e vi que a luz estava no centro de um local grandioso. Dava para ver que se tratava de um labirinto, já que estava em uma posição acima, eu deveria descer e percorrer todo o lugar até encontrar de onde irradiava aquela luz vermelha. Eu pensei comigo mesmo sobre o que estava fazendo ali naquela hora da madrugada. Eu tive um certo medo de encontrar alguma coisa que não desejava.
A luz então passou a piscar. Comecei a ouvir um barulho estranho, como se fosse uma batida de um tambor, com um ritmo cadenciado. Não dava para ver como entrar e sair pelo labirinto. Eu deveria descer e encarar aquela aventura. Não estava muito seguro se precisava realmente fazer isso, aquela era uma construção antiga, eu era um invasor, mesmo assim desci a escada.
Entrei no corredor que dava acesso ao labirinto. Eu podia ir para a direita ou para a esquerda. Decidi virar a direita e seguir adiante. Algo aconteceu, senti uma tontura, parecia que minha alma estava saindo de meu corpo. Encostei na parede e respirei fundo, poderia retornar mas decidi continuar, estava curioso.
Juntei todas as minhas forças e caminhei mais um pouco. Havia um corredor, não havia opção, deveria seguir ou retornar. No meio do caminho me lembrei de algumas situações onde tive muito medo, quando vi um senhor de idade ser atropelado e seu cérebro desmanchar no meio da rua. Não sabia porque estava pensando nisso naquele momento. Era uma cena horrorosa. Senti um frio em minha espinha.
Dessa vez virei para a esquerda, o som de batida ficou mais alto, a luz vermelha iluminava o teto. Minhas pernas começaram a ficar bambas, tive que me ajoelhar. Não me sentia protegido, pensava que algo ruim poderia acontecer. Tentei me alongar, mexer meu corpo e comecei a andar mais rápido. Havia uma escada em minha frente e duas portas. Deveria escolher uma e entrar. Na porta da esquerda havia um desenho estranho, um rosto, mas todo desfigurado, parecia que estava gritando.
Na porta direita uma árvore com raízes entrando até o centro da terra. Tentei abrir as duas mas não consegui. Apalpei a primeira e apertei o olho esquerdo da imagem. A porta se abriu e entrei.Minha mente vagueou novamente, apareceu uma visão que tive em minha adolescência, uma sobra de um homem ao lado esquerdo da minha cama com um chapéu.
Senti novamente um frio na espinha, estava tudo escuro, mas dava para ver que era um enorme corredor com uma outra porta a vários metros à minha frente.Comecei a correr, o mais rápido que podia. Abri a porta, dessa vez estava mais claro, parecia que estava no meio do labirinto. Não era um corredor reto, deveria caminhar virando à esquerda e à direita, seguindo direto.
Estava com muito medo, a batida estava cada vez mais forte, mas decidi continuar, queria chegar ao final.Virei à direita e percebi que havia um buraco no chão de mais ou menos um metro. Olhei para baixo e percebi algumas luzes, como se houvesse um corredor abaixo de mim com feixes luminosos passando rapidamente. Não sabia o que era aquilo e decidi pular o buraco. Consegui mas quase caí.
Ao caminhar mais uma imagem apareceu em minha mente. Eu vi um cemitério com várias almas caminhando. Respirei fundo, aquilo era apenas a minha imaginação.Era preciso continuar, o corredor à minha frente era mais aberto. Ao olhar para o lado eu vi vários desenhos estranhos, figuras demoníacas, uma luta entre homens e monstros. Algumas figuras eram realmente assustadoras.
Eu não estava em paz, a ansiedade controlava o meu corpo. Respirei fundo novamente e segui pelo corredor.Abri a porta que estava à minha frente. Consegui chegar ao final do labirinto. Era uma sala enorme, muito ampla. Havia uma mesa ao centro, com uma grande lâmpada vermelha piscando. Não sabia de onde vinha as batidas que escutava, mas elas pulsavam no mesmo ritmo que o tambor. De repente, uma porta se abriu à minha frente, uma mulher magra, pálida, muito bonita apareceu sorrindo, me chamando.
Minha mente ficou nebulosa, mas segui em frente…