Metaverso Tirano

No ano de 2059 a humanidade viu um grande avanço tecnológico que trouxe uma revolução aos seus costumes e ao modo como a realidade era percebida. Através da inteligência artificial e o metaverso tudo mudou. Uma máquina poderosa permitiu a qualquer pessoa viver realidades alternativas, ou seja, elas podiam ter inúmeras experiências através de um mundo totalmente virtual.

Através dos aparelhos, elas podiam, por exemplo, viver a vida de um rock star, transar com um artista famoso, ou ainda experimentar uma droga poderosa virtualmente. O equipamento logo se tornou um sucesso em todo o mundo. As pessoas passavam a maior parte do dia vivendo outras vidas. Crianças, jovens e adultos ficavam horas utilizando o aparelho.

Com o tempo um metaverso foi criado, com milhares de cidades virtuais onde pessoas de todo o planeta se encontravam. O mundo era quase perfeito, não era uma realidade física como todos estavam acostumados, mas chegava perto. Os encontros, festas e reuniões de trabalho eram feitas ali. A tecnologia estava presente no dia a dia e aos poucos o mundo virtual foi se aprimorando, através de inúmeras inovações.

Depois de dez anos com o mundo vivenciando a nova realidade do metaverso, algumas pessoas passaram a trabalhar no mundo virtual, encontrando seus filhos, sua família e amigos. Com um salto tecnológico, houve a possibilidade de pessoas que estavam morrendo serem transferidas para essa realidade alternativa. Dessa maneira, a imortalidade chegou para todos. As possibilidades eram infinitas.  O problema é que ao mesmo tempo, a humanidade chegou aos 12 bilhões de habitantes, e logo todos os recursos naturais foram consumidos. 

Os cientistas previram que o mundo entraria em colapso em cinco anos. Não havia saída. Para piorar, por causa da poluição, houve o degelo na Antártida e inundações em todas as partes, com milhões de pessoas morrendo. Por conta de terremotos, guerras, e outras catástrofes naturais, uma boa parte da humanidade faleceu.

A única saída para a população era transferir sua mente para o metaverso. Seus corpos ficariam congelados em casulos, enquanto poderiam viver tranquilamente no universo virtual, enquanto os cientistas buscavam uma saída para o planeta. Eles calculavam que seria preciso 50 anos para que se desenvolvesse uma tecnologia que permitirá alimentar a todos e controlar quaisquer desastres naturais.

Em cinco anos, cerca de 50 milhões de pessoas foram transferidas para o metaverso. Eles estavam esperançosos, iriam trabalhar para salvar o mundo. Entretanto, um grande meteoro de centenas de quilômetros caiu no meio da África. Uma grande nuvem de poeira cobriu todo o planeta. A população tentou se salvar, mas acabou morrendo em pouco tempo, visto que não havia mais sol nem ar puro. As únicas pessoas que sobraram estavam no metaverso.

As 50 milhões de pessoas sobreviventes, morando em um mundo virtual, se desesperaram. O mundo que eles estavam acostumados acabara. Os cientistas fizeram um levantamento e viram que não havia nenhuma possibilidade da humanidade voltar a viver na Terra. Com o tempo, Marcos Silveira, um ex-comandante do exército brasileiro, passou a liderar o que resto da população mundial, vivendo naquele metaverso.

Ele acabou montando um governo para administrar a sociedade construída naquele mundo virtual. Ele contava com  ajuda de um robô de inteligência artificial que era seu conselheiro. Seu nome era Ida Arza. Com a sua ajuda, o líder conseguiu criar um vírus que atacaria qualquer pessoa que fosse contra seu governo, transformando-a em um ser sem consciência, quase como um zumbi.

Com um grande exército ao lado de Marcos, a população ficou acuada e acabou obedecendo suas ordens, com medo de contrair aquele vírus. Como eles estavam em uma realidade virtual, não havia a necessidade de se alimentar nem de dormir. Portanto, a população trabalhava 24 horas por dia, com pouco tempo de descanso, criando programas de computador e máquinas de inteligência artificial.

Uma nova vida

Um dia, Marcelo, um ex-estudante de desenvolvimento de software, estava trabalhando com um robô de inteligência artificial. Ele ficou entusiasmado com o que fizera, visto que havia desenvolvido uma tecnologia perfeita. Aos poucos ele foi conversando com sua invenção e percebeu que ele falava como um humano, se portava como tal e que também possuía sentimentos. Parecia que Marcelo havia criado uma nova vida, pois aquele robô tinha consciência própria.

Depois de algumas semanas conversando com o robô, Marcelo viu que ele era realmente diferente de tudo o que já tinha visto. Ele parou de trabalhar e começou uma conversa com sua invenção. De repente, um guarda viu o que estava acontecendo, chegou perto de Marcelo e deu um soco em seu estômago. O robô viu aquilo e foi pra cima do guarda. Os dois brigaram, até que o guarda caiu no chão desacordado. Marcelo e o robô saíram correndo.

Os dois foram até a Praça das Constelações, que estava cheia de gente. De repente, cerca de 15 guardas apareceram com cassetetes na mão. Marcelo e o robô tentaram fugir, mas dois guardas os pegaram. Todos viram o que estava acontecendo. Um dos guardas jogou um spray na cara de Marcelo que em poucos segundos se transformou em um zumbi. O robô começou a gritar falando que todos estavam sendo escravizados no mundo virtual, que deveria ser um local de liberdade.

Ele saiu correndo da praça, entrou em um beco e sumiu pela cidade virtual. Os guardas não conseguiram encontrá-lo. Depois da confusão na Praça das Constelações, algumas pessoas ficaram preocupadas com o que estava acontecendo. Elas perceberam que trabalhavam, tinham pouco descanso e nenhuma liberdade. De vez em quando um panfleto aparecia nos postes dos locais onde a população se encontrava, contendo mensagens contra o governo.

Um dia, Sofia estava passeando na Praça das Constelações, e esbarrou em um guarda. Ele levantou seu cassetete para acertá-la, mas o robô apareceu e segurou seu braço, jogando-o no chão. Ele chamou Sofia para fugir dali. Os dois saíram correndo pelas ruas da cidade virtual, até chegar em um prédio de três andares. O robô a chamou para entrar. Lá dentro, Sofia encontrou cerca de 30 pessoas se reunindo e conversando. Eles estavam combinando uma maneira de acabar com o governo.

Sofia perguntou qual era o nome do robô. Ele se chamava Ian Alt e era o grande responsável por organizar uma rebelião contra aquele governo opressor que mandava em todas as pessoas que viviam no metaverso. Ele falou para a garota que tinha conseguido chamar mais de 300 pessoas para formar uma rebelião. Ela achou pouco, visto que havia uma população de 50 milhões de pessoas e cerca de 500 mil soldados comandados pelo comandante Marcos Silveira.

Ian Alt sorriu e disse que era o número suficiente para atacar o Palácio do Governo e acabar com aquele homem, que havia transformado seu amigo Marcelo em um zumbi. Depois de algumas horas conversando, Sofia disse que gostaria de participar da rebelião, para depor aquele governo que comandava a todos com mãos de ferro. Ian Alt chamou a todos para uma reunião e falou de seus planos.

Dia de luta no metaverso

Três dias depois, cerca de 250 pessoas estavam na frente do Palácio do Governo protestando, com cartazes e gritando contra o comandante. Os soldados apareceram e bateram em alguns manifestantes e jogaram o spray em outros, os transformando em zumbi, sem consciência. O vírus era poderoso e uma parte das pessoas decidiu correr dali. No entanto, Ian Alt e Sofia, junto com 50 pessoas, estavam escondidos em uma rua ao lado do palácio.

Enquanto os soldados brigavam contra os manifestantes, o pequeno grupo entrou pelas portas dos fundos do palácio. Haviam apenas cinco soldados guardando o lugar e se renderam rapidamente. Eles entraram dentro do prédio, eles tinham alguns bastões e muita vontade de lutar. O grupo rendeu todos os soldados que viram pela frente. Eles seguiram e foram até o salão principal, onde encontraram com o comandante Marcos Silveira, sentado em uma cadeira, alguns soldados e um grande robô de Inteligência Artificial, chamado Ida Arza.

Os soldados, cerca de 15, foram ao encontro do grupo. Uma grande briga começou. Algumas pessoas se transformaram em zumbi, outras batiam com seus bastões e jogavam os soldados no chão. Sofia correu ao encontro do comandante, mas aquele grande robô a pegou pelo pescoço. De repente, Ian Alt foi até o líder do governo e deu um salto, chutando a sua cabeça. Ele caiu de sua cadeira. O robô Ida Arza jogou Sofia no chão e foi em cima de Ian Alt. Os dois brigaram até que Ian sucumbiu no chão.

Sofia pegou uma faca que estava em uma mesa e foi em cima do comandante. Ela gritou com raiva, o que fez com que todos os presentes olhassem para ela, e cortou o pescoço do homem. O grupo saiu correndo e pulou em cima do robô, destruindo todo o seu corpo. Os soldados se renderam na hora. Aquele governo tirano havia acabado. Sofia e o grupo saíam do Palácio e se encontraram com a multidão que gritava, dizendo que a humanidade estava livre.

Toda a população do metaverso passou a viver tranquilamente, livres de qualquer governo tirano. Eles poderiam viver para sempre naquele universo virtual, construir o que quisessem, se divertir, curtir a vida. O tempo foi passando e logo todos esqueceram do comandante Marcos e seus soldados. Em uma certa noite, centenas de pessoas faziam uma festa em frente ao Palácio. 

De repente, um pequeno robô saiu do portão e pulou em cima do rosto de um homem. Ida Arza estava viva, injetou um vírus nele, o transformando em um zumbi.