O presente de Marco

 Marco era um estudante de arqueologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Ele morava na cidade de Belo Horizonte junto com sua mãe. Depois de muitos anos sem esperança de mudar de vida, passando seus dias em frente ao computador no prédio onde morava, ele conseguiu passar na prova de vestibular e estudar arqueologia. De fato, ele escolheu essa matéria depois de ver vários filmes de aventura e passou seus dias envolto a livros até conseguir a sua aprovação. Sua mãe pagava o ônibus e o lanche para ele ir à universidade todos os dias.

Ele era um jovem rebelde que passava o tempo assistindo filmes e ouvindo música. Sua vida era essa, não saia quase nunca de seu quarto. Marco Antônio era um solitário que via o tempo escorrer pelas suas mãos. Sua mãe vivia preocupada, pois seu filho não tinha nenhuma perspectiva. Seu sonho era de que ele se tornasse um advogado, mas isso não aconteceu. O máximo que ele conseguiu foi trabalhar de office boy em um escritório. Ele acabou sendo demitido por enrolar no trabalho. O jovem sabia que não teria futuro.

Um dia Marco Antônio viu que poderia mudar de vida se dedicando aos estudos arqueológicos na universidade e passou no exame. Ele realmente procurou aprender e ficou bom no assunto, um dos melhores estudantes. O jovem aprendeu sobre as religiões passadas de todo o mundo. Conheceu sobre o Egito antigo, a Grécia, Roma, e até mesmo sobre os índios do Brasil e o folclore do país.  Em questões religiosas ele era um ateu, não acreditava em nada espiritual. Era um cético e gostava de se gabar por conta disso. 

Ele via em seu curso a oportunidade de conhecer melhor a história da humanidade, principalmente sobre as pessoas que habitavam seu estado. Por essa razão, um dia, Marco Antônio viajou para Januária, no norte de Minas Gerais, para ver as Cavernas do Peruaçu, que possui um patrimônio geológico e arqueológico. Moradores antigos da região iam à Caverna do Rezar, para pagar suas promessas.

Depois de ver todas as Cavernas do Peruaçu, Marco Antônio passou por uma estrada para esperar pelo ônibus e voltar à Belo Horizonte. De repente, um pequeno garoto vestido com trajes indígenas apareceu e pediu a ele um trocado. Marco Antônio tirou do bolso sua carteira, queria dar cinco reais para ele. O menino então deu um chute em suas pernas e roubou a carteira. Era todo o dinheiro que ele tinha, que iria usar para pagar a passagem de ônibus. Então ele correu atrás do garoto que entrou dentro de uma mata. Marco Antônio se perdeu, não sabia onde estava, até que encontrou uma clareira.

Em um determinado momento ele viu de relance a figura do menino correndo pela mata e decidiu segui-lo. Até que ele se deparou com um índio forte, alto, em frente a uma caverna. O garoto havia desaparecido. Ele perguntou pro índio se ele tinha visto o menino. Ele perguntou para Marco se queria ver a história do povo das cavernas e pinturas rupestres que contavam como eram as suas vidas. O jovem ficou interessado e o índio apontou para o local e falou que deveria seguir por ele até encontrar os desenhos. Marco ficou com dúvida se deveria confiar nele, mas sua curiosidade fez com que seguisse em frente.

Marco entrou na caverna. Havia algumas folhas e tocos de árvores dentro, era bastante úmida, já que havia algumas goteiras no teto. Em alguns lugares a luz do sol passava por entre as rachaduras da caverna, o que facilitava a sua visão. Ele seguiu em frente até que se deparou com um pequeno lago cristalino. Do outro lado havia uma entrada para uma outra parte da caverna. Marco pensou em voltar, pois não encontrou nenhum desenho. De repente ele viu a figura do menino do outro lado, de relance, parecia que ele estava correndo, e decidiu pular na água. Ela estava gelada, mesmo assim continuou e chegou ao outro lado.

Depois que saiu da água gelada, Marco entrou no buraco que dava acesso a uma outra parte da caverna. Ele viu ao longe alguns desenhos rupestres e decidiu seguir em frente. Em um determinado momento passou em um local da caverna onde uma luz verde esmeralda saía do teto. Ele ficou intrigado com aquilo e continuou em frente. No momento em que foi banhado pela luz ficou paralisado, até que ela preencheu todo o seu corpo. Marco parecia energizado e a sensação era muito boa. Ele começou a rir e acabou desmaiando.

Depois de muito tempo Marco acordou. Ele se levantou e foi ver os desenhos rupestres na parede da caverna. O que viu era muito estranho, era a figura de um homem recebendo a luz do teto da caverna. Em volta dele havia várias figuras, algumas demoníacas, e outras angelicais. Parecia que a pessoa no desenho estava cercada. Seus braços estavam para cima, como se estivesse pedindo socorro. Marco tentou tirar uma foto das imagens com seu celular, mas viu que ele estava molhado. Então decidiu sair daquele lugar.

Ao sair da caverna, Marco viu que o índio não estava mais lá. Porém, ao olhar para o chão, ele achou sua carteira e viu que poderia pegar o ônibus para voltar para Belo Horizonte. Durante a viagem aquela imagem não saía de sua cabeça. Sua estadia em Januária foi bastante proveitosa, ele vira as cavernas tradicionais da região, uma diferente das outras, com vários desenhos especiais. Ele lembrou que, como nas figuras, ele também foi banhado por aquela luz verde esmeralda, e que foi uma experiência estranha, mas muito boa. Ao chegar em casa ele cumprimentou sua mãe e foi dormir.

No dia seguinte Marco ficou em casa durante à tarde, pois tinha aula apenas no turno da noite. Ele pegou o ônibus. No caminho achou estranho, pois via nas ruas muito mais pessoas do que o normal. Ele acabou pensando que poderia ser uma festa ou algo do tipo no centro da cidade. Ao descer do ônibus na avenida que ficava em frente à universidade, ele seguiu em frente para ir ao prédio de arqueologia. Haviam várias árvores, era bastante escuro, mas estava acostumado. Marco seguiu em frente, até que do nada uma mulher de pele muito branca, cabelos negros esvoaçados, correu em sua direção, olhou para ele e deu um grito assustador, saindo correndo. 

Marco parecia que estava ficando louco, para todos os lugares que ele olhava do campus da universidade ele via figuras estranhas, mulheres que pareciam levitar no chão ao invés de caminhar. Ele viu um homem alto, também pálido, que usava um terno preto, que chegou ao seu lado e o cumprimentou, levantando um chapéu estranho. Uma pequena garota com um vestido claro azul jogou uma bola amarela para ele. Ao tentar pegar a bola, ela parecia ter vida própria, e seguiu um outro caminho. Entre as árvores, ele pôde ver uma figura estranha, cheia de pelos, alta e forte, que levantava os braços e começou a gritar. De uma hora para outra, uma mão saiu da grama, no chão, e pegou seu tornozelo. Marco então começou a correr.

Ao chegar do outro lado do campus, Marco se viu cercado por aquelas figuras fantasmagóricas. Um homem gordo com bochechas que pareciam estar derretendo sorriu para ele. De seus lábios saíam sangue. Aqueles seres pareciam monstros e ele chegou a acreditar que não sairia vivo daquele lugar, até que se lembrou do desenho da caverna e viu que estava na mesma posição da figura rupestre. Marco então levou suas mãos para o céu e pediu ajuda, mesmo sendo um ateu, afinal ele estava vendo seres sobrenaturais.

Ele começou a rezar. Até que algumas luzes apareceram no céu. Dessa vez ele via seres angelicais, muitos deles, indo em sua direção. O céu se iluminou no meio da noite no campus da universidade. Os seres demoníacos colocavam as mãos nos olhos para se proteger da claridade. Alguns deles saíram correndo, outros tentaram atacar Marco, mas um dos anjos desceu rapidamente e o protegeu. Em pouco tempo aqueles seres das trevas foram derrotados pelos anjos que atenderam ao pedido de Marco, que sorriu e agradeceu pela ajuda.

Até que um dos anjos chegou perto de Marco, colocou sua mão direita em seu ombro e disse que seu nome era Fabiel. Aquela figura de luz disse que tinha algo a dizer. O jovem arqueólogo estava a salvo daqueles seres das trevas e decidiu escutar. O anjo Fabiel então olhou para ele, uma luz brilhante saía de seus olhos. Ele disse ao jovem arqueólogo que ao se banhar naquela luz verde esmeralda na caverna ele ganhou um presente. Ele poderia viver eternamente, pois nunca iria morrer.

Marco ficou feliz com aquela notícia, e sorriu para o anjo. No entanto, Fabiel disse a ele que havia um lado negativo, ele iria encontrar aqueles fantasmas, demônios, seres assustadores, em todos os lugares que fosse. Que esse presente poderia ser de certa forma uma maldição. Para que os seres das trevas não o matasse, ele deveria a cada ano oferecer a morte de uma outra pessoa, ou seja, Marco, para viver para sempre, deveria se tornar um assassino. Se ele não aceitasse o presente, ele deveria seguir com os anjos naquele momento, para o céu.

Uma amiga de Marco ao entrar no campus da universidade viu seu colega voar no céu junto a seres iluminados…  
  

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